O que você precisa saber sobre Dor Torácica
Procure orientação médica mesmo quando sofrer uma dor torácica de pequena intensidade.
Definição
A dor torácica, também chamada de dor no peito, pode ser causada por uma série de condições clínicas, que vão desde contraturas musculares até infarto do miocárdio. Cabe ao médico estabelecer um diagnóstico diferencial e, assim, oferecer ao paciente o tratamento adequado e a melhor orientação para cada condição.
Quais as principais causas da dor torácica?
As causas mais comuns de dor torácica não estão relacionadas ao coração e são condições de risco relativamente baixo:
· Doenças pulmonares: pneumonia, por exemplo;
· Dores ósteomusculares: (ossos e músculos): contratura dos músculos do tórax que pode ser provocada por prática de exercícios físicos sem aquecimento adequado; osteocondrite (inflamações nas articulações das costelas com o osso esterno), neurites intercostais (inflamações dos nervos que se localizam entre as costelas, ex: herpes zoster) etc..
· Doenças do aparelho digestivo: doença de refluxo, espasmo do esôfago, gastrite, úlcera, entre outras.
As causas mais temíveis de dor torácica são aquelas decorrentes da obstrução das artérias coronárias – vasos responsáveis por nutrir o músculo do coração – e que ocorre em 5 a 15% dos pacientes com dor no peito que procuram os serviços de emergência.
A principal causa dessa obstrução é a aterosclerose (depósito de gordura e outras substâncias na parede das artérias) e que pode se manifestar clinicamente na forma de angina do peito e de infarto do miocárdio.
Que sintomas podem sugerir que a dor torácica seja de origem cardíaca?
Ø Dor, pressão ou desconforto no peito que pode irradiar-se para as costas, ombros, braços, e pescoço. Mesmo que ceda rapidamente é aconselhável que se procure um serviço médico (preferencialmente cardiológico) o mais breve possível.
Ø Tontura falta de ar, suor em excesso, aumento da freqüência cardíaca, náuseas ou vômitos.
Ø Mal - estar mesmo na ausência de dor ou desconforto no peito.
Cerca de 50% dos pacientes que desenvolvem infartos apresenta sintomas brandos precedendo o mesmo, e que podem ocorrer desde 30 dias a até algumas poucas horas antes desse evento, o que significa que estes sintomas sempre devem ser adequadamente avaliados, mesmo que se leve intensidade ou de curta duração.
Existem pessoas com maior risco de apresentarem dor torácica de origem cardíaca e que deveriam estar mais atentas?
Sim. As pessoas que apresentam fatores de riscos cardiovasculares estão mais sujeitas a terem como causa de dor torácica uma obstrução nas artérias coronárias. Esses fatores de risco, quando presentes, aumentam a chance de desenvolvimento de “placas de aterosclerose” nas paredes das artérias coronárias:
· Fumantes. O fumo esta fortemente associada à progressão das doenças relacionadas à aterosclerose. É um fator de risco “independente”, pois isoladamente é capaz de aumentar o risco de ataque cardíaco.
· Diabéticos. O diabetes danifica a parede das artérias facilitando o depósito de gordura e a formação de placas ateroscleróticas. Dessa maneira, a chance de ocorrência de infarto é 2 a 4 vezes maior que nos não diabéticos. Os diabéticos apresentam com maior freqüência “infartos silenciosos”, sem dor no peito, por isso devem estar a qualquer mal-estar súbito e procurar um serviço de saúde o mais rápido possível.
· Colesterol elevado. Valores elevados de colesterol total e colesterol “ruim” (LDL) e valores reduzidos de colesterol “bom” (HDL) aumentam a chance de ocorrência de angina e infarto.
· Hipertensos (“pressão alta”). Pessoas com hipertensão arterial apresentam risco aumentado de ataque cardíaco (infarto) e derrame cerebral. O controle adequado da pressão arterial, por sua vez, reduz a chance de ocorrência desses eventos.
· Idosos. Pessoas com mais de 65 anos têm maior chance de apresentarem um ataque cardíaco. Freqüentemente, o principal sintoma apresentado por eles é “falta de ar de inicio súbito” ou “mal-estar súbito” e não a dor no peito. Idosos com esses sintomas devem ser avaliados o mais breve possível por um médico.
· Drogas de abuso. Cada vez mais casos de infarto do miocárdio em pacientes jovens têm sido associados à utilização de drogas de abuso, como cocaína, anfetamina e seus derivados. Nestes casos, além de haver uma aceleração no desenvolvimento da aterosclerose nos usuários crônicos, existe a possibilidade de a droga induzir “espasmos” nas artérias coronárias e arritmias cardíacas no uso “isolado”.
· Portadores de alguma doença aterosclerótica conhecida. Pessoas que podem ser portadoras de obstruções em outras artérias do corpo, como diagnósticos prévios de acidente vascular cerebral, doença das artérias carótidas, doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), doenças da aorta, doenças das artérias renais, além da própria doença coronariana.
É verdade que o ataque cardíaco ocorre preferencialmente nos homens e que, portanto, as mulheres não precisam se preocupar com a dor torácica?
Não. As doenças cardiovasculares (infarto e derrame) são as principais causas de morte tanto em homens quanto em mulheres. O risco de a mulher ter um infarto aumenta após a menopausa, especialmente se ela apresentar os fatores de risco citados anteriormente. Dessa forma, se apresentar dor súbita no peito ou mal-estar súbito, deve procurar atendimento médico o mais breve possível.
Ao procurar um serviço de pronto atendimento devido à dor torácica, quais exames poderão ser realizados?
São vários os exames disponíveis atualmente para esclarecer a causa da dor torácica. Abaixo citaremos os mais utilizados e caberá ao seu médico definir quais os que melhor se aplicam no seu caso:
· Eletrocardiograma. Este é o primeiro e mais importante exame para se verificar se a dor no peito que você esta sentindo é de origem cardíaca. Apesar disso, esse exame pode não dar o diagnóstico em cerca de metade dos casos, havendo necessidade de outros exames e repetição do mesmo.
· Tropo nina. São proteínas liberadas no sangue quando ocorre dano ao músculo do coração como, por exemplo, no infarto. É colhido sangue para análise laboratorial.
· Raios-x d tórax. Ajudam a descartar causas pulmonares para a dor no peito. Ex: pneumonia.
· Mi bi de repouso (cintilo grafia do miocárdio). Trata-se de um exame de imagem que permite avaliar se o fluxo CE sangue no músculo cardíaco está ou não alterado quando realizado na vigência da dor no peito ou poucas horas após o seu término. Caso o resultado do exame seja negativo, a chance do paciente vir a apresentar complicações cardíacas graves nos próximos 12 meses é baixa ( cerca de 3%).
· Teste sob estresse (teste ergométrico cintilo grafia ou eco cardiograma). Um desses testes poderá ser indicado quando o diagnóstico permanecer inconclusivo após os testes de repouso.
A escolha do melhor método dependerá das condições clínicas de cada paciente.
· Angiotomografia de coronárias. É um exame de tomografia computadorizada para avaliação não invasiva das artérias coronárias que, quando normal, tem valor alto preditivo negativo, ou seja, praticamente exclui o risco de eventos coronarianos nos próximos 12 meses.
Cateterismo cardíaco (angiografia coronária). Quando os exames não invasivos não são suficientes para definir o risco ou demonstram alterações, ou quando ocorre alguma mudança evolutiva no quadro clínico, eletrocardiográfico ou laboratorial que define um risco alto de infarto, poderá ser necessária a realização de um cateterismo cardíaco. Trata-se de um exame realizado por meio de um cateter em artéria da perna ou do braço e dirigido até o coração e que permite visualizar o interior das artérias coronárias e verificar se existem obstruções. Risco que poderiam
O que é um protocolo de dor torácica?
Existem situações nas quais nem o quadro clínico nem o eletrocardiograma esclarecem a causa da dor no peito e, ainda assim, pode se tratar de casos de dor torácica de origem cardíaca. Por outro lado, existem os casos de menor risco que poderiam não necessitar de internação.
E nesse cenário são importantes os protocolos que, com base nas melhores evidências científicas, auxiliam o médico na tomada de decisão sobre a estratégia adequada para esclarecer e tratar a causa da dor torácica.
A maioria dos protocolos de dor torácica utiliza um período de observação de até 12 horas, durante as quais são realizados os exames necessários para avaliar o risco de os sintomas serem devidos a um evento cardiovascular.
Quem são os pacientes incluídos no protocolo de dor torácica?
Aqueles nos quais após avaliação clínica e realização do eletrocardiograma (ECG) ainda há dúvida quanto à causa da dor torácica.
A aplicação do protocolo pode evitar a internação em mais de metade dos casos, bem como pode identificar pacientes que poderão vir a apresentar um evento coronário grave nos próximos 30 dias, mas qual não estão desenvolvendo um infarto no momento.
· Pessoas com dor no peito sugestiva de infarto ou de angina do peito, mas com ECG normal;
· Pessoas que já sabem ser portadoras de obstruções em outras artérias;
· Diabéticos;
· Pessoas com dois ou mais dos fatores de risco citados anteriormente;
· Idosos.
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