TRISTEZA NA QUARENTENA: COMO LIDAR COM O SENTIMENTO DE FORMA SAUDÁVEL
Quando se
fala de saúde mental, não é possível cravar uma única resposta - cada ser
humano é um universo e encara as situações de uma forma. Certo é que precisamos
vivenciar os sentimentos. E também ficar de olho para que a tristeza não nos
domine e se transforme em algo mais grave. "É importante a gente lidar com
o que sentimos, entender o porquê das emoções", considera Bruno
Branquinho, psiquiatra e psicanalista do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria
do Hospital das Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Ele esclarece que apesar de não haver uma métrica
para quando a tristeza deixa de ser algo saudável, algumas pistas podem indicar
que a situação está fugindo do controle: "quando você não consegue
trabalhar; deixa de fazer coisas que sentia prazer, como ler ou praticar
atividades físicas; para de se cuidar (ficar só na cama, não tomar banho, se
alimentar mal) são indícios", enumera...
Redes sociais devem ser aliadas. Basta entrar em
alguma rede social para ver pessoas se divertindo. E para quem não está legal,
o ambiente digital vira inóspito. "É preciso esclarecer que rede social
não é vilã, o problema é como a gente usa. Tem gente que neste período está
descobrindo coisas, fazendo aulas gratuitas e treinos, por exemplo. Em contraponto,
há quem piore, pois surge o sentimento de não estar justamente aproveitando o
tempo", diferencia o especialista. Para essas pessoas, a recomendação é
gerenciar o tempo de uso ou até mesmo apagar os aplicativos momentaneamente.
"É hora de valorizar os contatos reais, por meio de ligações e
videochamadas, que envolvam a troca e não somente a imagem”.
Um passo de cada vez , ainda que não se possam
cravar soluções, alguns hábitos cotidianos ajudam a minimizar a tristeza
trazida por esse período. É hora de focar naquilo que se tem controle. Por
isso, estabelecer horários para se alimentar, se exercitar e dormir são
importantes. Separe também um período específico para ler sobre a covid-19 e
busque se informar em veículos confiáveis - fuja de conteúdos alarmistas vindo
de grupos de conversas virtuais. Procure também compartilhar o que sente com as
pessoas que confia - se abrir não é sinônimo de fraqueza. Caso sinta
necessidade, busque ajuda especializada - profissionais de saúde estão aptos a
atender online....
Fontes: Bruno Branquinho, psiquiatra e psicanalista
do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínica da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo); Christian Dunker, psicanalista e
professor do Instituto de Psicologia da USP; e Saulo Velasco, psicólogo,
pós-doutor em psicologia experimental pela Universidade de São Paulo (USP) e
professor na The School of Life São Paulo e Paradigma - Centro de Ciência e
Tecnologia do Comportamento.
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