Contraceptivo

Para cada contexto, uma escolha

PARA QUEM AMAMENTA

“O estrogênio atrapalha a lactação”, avisa o ginecologista Rogério Ramires, do Femme Laboratório da Mulher, em São Paulo. Em outras palavras, os procedimentos hormonais combinados não são uma boa idéia. Mas, seis semanas após o parto, dá para investir naqueles só como a progesterona no organismo.
Entram aí algumas pílulas, as injeções trimestrais e o implante subdérmico, inserido embaixo da pele. Algumas mulheres optam por aproveitar o momento do parto para colocar o DIU de cobre – ou fazem isso logo depois.

PARA QUEM FUMA

Cigarro e estrogênio jamais combinam, em nenhuma idade. Mas a coisa complicada mesmo depois dos 35 anos.
Essa é a hora de deixar de lado o etinilestradiol, que entra na fórmula da maioria dos métodos hormonais combinados. Ele aumenta A agregação das plaquetas e provoca constrição dos vasos, potencializando o risco de infartos e derrames – que já é mais alto por causa do tabagismo.

PARA QUEM TEM ENXAQUECA

“No caso, quanto menor a dose de hormônios, melhor”, afirma a ginecologista Rosa Neme, do Centro de Endometriose de São Paulo. Principalmente o estrogênio, que, por provocar uma vasoconstrição, costuma agravar a dor. Se a enxaqueca for acompanhada de aura, distúrbios visuais como flashes e cegueira parcial, nenhum método hormonal combinado é recomendado.

PARA QUEM É ADOLESCENTE

Não que seja norma, mas a maioria dos especialistas prefere esperar um tempo após a primeira menstruação para que o organismo – sobretudo o sistema reprodutor – amadureça. Esse período é interessante até para dar uma chance de o ciclo menstrual revelar se está mesmo em ordem. Se houver alguma disfunção, como síndrome dos ovários policísticos, ou se a garota pretende iniciar a vida sexual, o ideal é uma boa conversa com o especialista para definir o melhor método para ela. Alguns atrapalham mais e outros, menos.


PARA QUEM É DIABÉTICA

Quando o problema é só diabete – controlado e sem complicações – não há grandes restrições.
Acontece que, muitas vezes, a doença vem acompanhada de um pacote de males que resultam na chamada síndrome metabólica, como o colesterol alto, a gordura abdominal e a hipertensão. E, aí sim, é preciso avaliar se o uso de hormônios não aumentaria tanto a pressão como a resistência à insulina.

PARA QUEM SOFRE Á BEÇA DE TPM

Nada menos que 80% das mulheres enfrentam ou já enfrentaram o inchaço, a irritação e as dores da tensão pré-menstrual. Nessa circunstância, as pílulas de uso contínuo, sem pausa para menstruar, apresentam bom resultado. “O implante também melhora os sintomas porque pode cessar a menstruação”, diz Mara Diegoli, coordenadora do Centro de Apoio à Mulher com TPM do Hospital das Clínicas de São Paulo. Há ainda pílulas combinadas que levam o hormônio sintético progestagênio drospirenoma e prometem aliviar o incômodo.

PARA QUEM JÁ TEVE CÂNCER

A ciência questionou diversas vezes se o uso de contraceptivos orais teria relação com o surgimento de tumores de mama.
“Essa associação ainda é controversa”, esclarece Eduardo Zlotnik, ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Comprovado mesmo é que os anticoncepcionais reduzem o risco de desenvolver o câncer no ovário e no endométrio. Agora, se a mulher tem ou já teve tumor de mama, a conduta ideal seria evitar todos os contraceptivos hormonais, que podem facilitar a volta da doença. Uma saída é se valer do DIU de cobre. Nos casos de câncer cervical, por outro lado, o DIU de cobre é carta fora do baralho, e os métodos hormonais passam a ser uma possibilidade.

PARA QUEM É HIPERTENSA

Mais uma vez, a Organização Mundial da Saúde recomenda fugir da combinação sintética estrogênio-progestagênio, especialmente nos casos mais graves de pressão alta. Já as injeções mensais podem funcionar, porque possuem estrogênio natural, e não sintético.

PARA QUEM QUER ENGRAVIDAR EM CURTO PRAZO

Esse é um assunto sempre complicado, que mexe com as expectativas da mulher e gera ansiedade. Não custa repetir, portanto, que cada corpo tem seu tempo. Mas, se usarmos a lógica, o DIU de cobre ou progesterona e o implante não seriam boas escolhas, já que têm vida útil de três anos para cima.
A injeção trimestral de progesterona é outra opção que deveria ser descartada. O período de retorno à fertilidade após a suspensão do uso costuma ser mais demorado que o de outros métodos hormonais.

FONTE: REVISTA ESPECIAL SAÚDE É VITAL




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