ÁLCOOL ALÉM DA IDADE

Consumo de bebidas entre jovens começa cada vez mais cedo e em quantidades maiores.
A balada, a reunião na casa do amigo cujos pais viajaram, o “esquenta” antes de sair para a festa... Regadas a generosas doses de álcool, essas atividades têm levado um número crescente de adolescentes para o atendimento de emergência dos hospitais. Tipicamente, são consumidores eventuais que bebem muito num curto espaço de tempo. É o chamado padrão Bing drinking, que define a ingestão de mais de quatro doses de bebidas alcoólicas numa única ocasião.
Pesquisas realizadas com alunos de escolas públicas ou privadas mostram que o problema permeia todas as classes sociais. Elas revelam que tem diminuído o número de jovens que bebem. Mas aqueles que consomem álcool começam    cada vez mais cedo (média de 12 anos e meio) e ingerem quantidades cada vez maiores. Estudo do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp ) com mais de 5 mil estudantes de escolas particulares paulistas mostrou que 33% dos que cursavam o ensino médio haviam consumido álcool no padrão Bing no mês anterior a pesquisa.
O leque de riscos envolvidos é enorme. O jovem alcoolizado se expõe mais a situações como dirigir ou pegar carona com alguém embriagado, fazer sexo sem proteção e praticar atos violentos. A intoxicação alcoólica pode levar a quadros de hipoglicemia e depressão do sistema nervoso central, com risco de insuficiência respiratória, culminando em coma e morte. Isso sem falar nas quedas e acidentes que geram traumatismos graves.
Por razões diversas, o problema não costuma ter a atenção que merece. Além de o álcool ser uma droga lícita, tais episódios são geralmente considerados “normais”, típicos da adolescência. É bem verdade que não há solução mágica. Mas há sim, muito que fazer.
E isso requer o envolvimento da família, da escola e de outros setores da sociedade. Alguns hospitais têm procurado contribuir, fazendo mais do que simplesmente tratar clinicamente o paciente que chega com intoxicação alcoólica. Essas instituições têm proposto protocolos específicos para atendimento desses casos, que podem incluir, além da avaliação  feita pelo pediatra, orientações a pais e pacientes e mesmo a sugestão de tratamento com psicólogos e psiquiatras especialistas.
Alcoolismo é um problema de saúde pública. Reduzir o consumo Bing drinking entre os adolescentes é prevenir os riscos de hoje e situações futuras ainda mais graves de tratar, com a dependência de álcool.

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