Suplementos alimentares: riscos do uso sem orientação médica

Suplementos alimentares: quando o excesso pode fazer mal à saúde

O consumo de suplementos alimentares no Brasil cresceu nos últimos anos, impulsionado por promessas de resultados rápidos e por forte presença nas redes sociais. Vitaminas, proteínas e fitoterápicos são procurados para emagrecer, ganhar massa ou “turbinar” a imunidade — muitas vezes sem qualquer avaliação profissional. Especialistas alertam: a suplementação sem orientação pode causar danos graves e mascarar problemas reais de saúde.

Riscos do uso indiscriminado

A nutróloga Camila Cianco, de Sorocaba (SP), relata que pacientes chegam ao consultório com sintomas associados ao uso excessivo de suplementos — entre eles insônia, agitação, dores abdominais, acne, queda de cabelo e, em casos mais severos, alterações no fígado e nos rins e arritmias cardíacas.

Alguns pontos específicos:

  • Estimulantes (cafeína, sinefrina, ioimbina) presentes em termogênicos podem provocar taquicardia e crises hipertensivas;
  • Excesso de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) pode levar à toxicidade hepática e problemas neurológicos;
  • Creatina e whey protein, quando usados sem necessidade, podem contribuir para sobrecarga renal;

Sintomas que merecem atenção

  • Náusea e dores abdominais;
  • Diarreia ou constipação;
  • Insônia e agitação;
  • Taquicardia, tremores e sudorese;
  • Acne e queda de cabelo;
  • Alterações laboratoriais no fígado e nos rins.

Por que o excesso é perigoso

Segundo a nutricionista Isabela Clerot, a vitamina D tomada em excesso pode formar cristais de cálcio nos rins e evoluir para insuficiência renal grave — casos que, em situações extremas, chegaram a demandar transplante. A vitamina B3, usada no passado para reduzir o colesterol, mostrou em estudos clínicos que doses elevadas podem aumentar o risco de eventos cardiovasculares.

Além disso, muitos estudos divulgados em redes sociais são experimentais (em laboratório) e não traduzem resultados clínicos em humanos — o que gera interpretações equivocadas sobre benefícios e segurança.

Influência das redes sociais

O público consumidor deixou de ser apenas frequentador de academia: hoje inclui mulheres de meia-idade, jovens e idosos, muitas vezes influenciados por médicos e influenciadores digitais. Protocolos “personalizados” vendidos online podem ter pouca ou nenhuma base científica e oferecer riscos reais.

Quando a suplementação é indicada

A suplementação pode ser útil — desde que baseada em evidência e acompanhada por profissionais de saúde. Exames laboratoriais e avaliação clínica permitem identificar deficiências reais e definir dose e duração seguras.

Recomendações práticas:

  • Procure médico ou nutricionista antes de iniciar qualquer suplemento;
  • Use apenas o que for indicado por avaliação clínica e exames;
  • Evite automedicação e protocolos comprados sem respaldo científico;
  • Informe seu profissional sobre medicamentos em uso para avaliar possíveis interações;

Conclusão

Suplementos podem ser aliados da saúde quando utilizados de forma criteriosa. O perigo está no consumo indiscriminado e no marketing que transforma um nutriente em promessa de solução rápida. Antes de suplementar, faça uma avaliação profissional: sua saúde e seu bem-estar merecem segurança.

Texto editado e revisado pela equipe de redação Dr. Salomon Katz.


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